12/06/2011

Éramos a minha maior força.

Não há desculpas, há falta de sorrisos. Não há cenas banais desta vez, desta vez são contusões. Há coisas que vimos a olho nu, são cenas incertas, nada vulgar. Fomos uma delas. Alguém nos viu sem atenção, caracterizou-nos de uma forma enigmática e fomos alvo de nada que nunca existiu. Viram-nos assim. Olharam-nos uma vez só. Não gostaram do que viram e reviraram a cara, não quiseram saber mais. Nós sabemos que não temos esse aspecto por forma, nem por dentro. Nós sabemos o que somos, que valor temos e de tudo o que já passámos. Não precisamos de nenhuma lupa para nos vermos bem. Está tudo no coração, e os nossos são iguais. Continuamos a ser almas presas. Nada nos tira de nós, nem mesmo aquelas didascálicas que encontramos nas nossas folhas de papel, onde está a nossa acção. O nosso palco foi o nosso sítio. Actuámos bem e nunca foi preciso improvisar. Sabíamos as falas de cor e as acções de trás para frente. Nunca nos foi pedido uma discussão ou um instante agressivo. Foi um êxito repleto de irrepreensíveis momentos, grandes falas e de poucos dramas. À nossa frente eram as bancadas. Ao passar dos anos, notávamos que o público envelhecia, mas as suas caras eram sempre dentro do mesmo: ansiedade. Ao passar das cenas, mais ansiosos ficavam, houve alturas que as lágrimas vinham aos olhos e em que a pele ficava arrepiada. As nossas cenas eram mesmo assim; arrepiantes, comovedoras e engraçadas. Nada demais. Apenas nos guiámos pelos papéis que nos impuseram. Mas o espectáculo tem sempre um fim, não é verdade?

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